segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Entrevista com o Vampiro


ATENÇÃO: Esta resenha contém spoilers. Caso não queira conhecer partes da história, não continue a leitura.


Comecei lendo o segundo livro das Crônicas Vampirescas, O Vampiro Lestat, para só depois ler Entrevista com o Vampiro. Não sei se isso foi melhor ou pior, só sei que foi significativo para que eu não gostasse da biografia de Louis.
O ritmo de Entrevista com o Vampiro é bem melhor que em Lestat, é mais rápido e fácil, entretanto como o livro é escrito basicamente em diálogos chega a ficar confuso em determinados momentos. Louis não é de longe um personagem tão charmoso quanto Lestat, é tão inseguro e fraco que chega a ser chato.
Mas o maior pecado de Anne Rice foi se perder na história. Parece que quando escreveu Entrevista com o Vampiro não tinha imaginado nada além para as Crônicas Vampirescas. Entendo que o primeiro livro é narrado por Louis e o segundo pelo próprio Lestat, entretanto o personagem de Lestat é completamente diferente nos livros. Não é uma questão de ponto de vista do narrador, mas sim de vampiros diferentes, com personalidades diferentes e até histórias diferentes. O próprio Armand também caminha de um extremo ao outro nos livros e, em momento algum, em Entrevista com o Vampiro, a autora menciona que Armand era apenas um adolescente quando foi transformado em vampiro. Lembro que quando li O Vampiro Lestat não tinha entendido porque no filme do Entrevista com o Vampiro, tinham colocado o Antonio Banderas que combinava com o personagem proposto. Contudo, quando li o próprio livro que originou o filme, percebi que o Antonio Banderas fazia mais sentido como o Armand de Louis, mas jamais como o Armand de Lestat.
Pequenos detalhes passam despercebidos quando as sagas são grandes. Mas um “detalhe” é uma coisa, uma “história” é completamente diferente. Há vampiros que supostamente foram feitos pelo Lestat neste primeiro volume que não são sequer mencionados no livro seguinte. Quando Anne Rice decide fazer um segundo volume para a saga sustentando a história de Lestat, tinha que pelo menos manter a base original de Entrevista com o Vampiro.
Todavia, caso achem desnecessário aprofundar em personagens secundários e aceitem que não tem problema em não mencioná-los na biografia de Lestat, a história da morte de Claudia no Teatro dos Vampiro poderia ao menos ser meramente semelhante. No O Vampiro Lestat, Rice menciona os fatos superficialmente, enquanto a história é contada no primeiro livro, mas o “superficial” tinha que, pelo menos, encaixar na história completa, o que definitivamente não acontece.
Em livros – bons livros, pelo menos – coisas não são colocadas aleatoriamente, tudo tem um por que. Se, para finalizar o primeiro volume, Anne Rice deu a entender que o jornalista ia procurar Lestat, no livro seguinte ele tinha que ter ido procurar Lestat. O Lestat poderia tê-lo matado e encerrar a participação do personagem por aí, mas não simplesmente esquecê-lo.
Esquecer parece-me que é o ponto forte na transição entre os dois volumes: onde foi o ódio do Louis pelo Lestat? Como ele perdoa, diz sentir saudades e vira amigo de Lestat sendo que passou O Entrevista com o Vampiro inteiro odiando-o?
Não li os demais volumes da série. Não sei o que Anne Rice colocou nos outros oito livros, só sei que me decepcionei com a autora e com a história. Não vejo como qualquer uma destas coisas possa ser proposital. Repito: não são versões diferentes, são historias e pessoas completamente distintas. Só espero que quando ler O Vampiro Armand não descubra que ele tem uma terceira personalidade que virá de encontro com tudo que ela publicou antes.

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