quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Ética e Mídia

Falar sobre ética e mídia é muito complicado. Principalmente pelo fato de que a teoria é uma coisa e a prática, algo completamente diferente.
Na formação básica de todo e qualquer jornalista aprende-se que o compromisso é apenas com a verdade e que devemos sempre buscar a imparcialidade, neutralidade e objetividade. Mas, antes mesmo de se chegar ao mercado de trabalho, já percebemos que as coisas não funcionam bem assim. Hoje, no quarto ano da faculdade de jornalismo eu já enxergo a podridão dos veículos de comunicação e de como os princípios básicos são apenas mitos. 
Veículos jornalísticos são empresas que precisam de dinheiro para sobreviver. Dinheiro este vindo de anunciantes, sócios e que acaba interferindo no conteúdo da mensagem. Vivemos num mundo capitalista e não adianta pensar no jornalismo como algo ideal de “vamos escrever o que é certo e o que queremos”. Isto não vai acontecer. Se a sua matéria vai contra o maior anunciante daquele jornal, há grandes chances de ela ser cortada. Cadê o compromisso com a verdade? O que vemos aqui é o compromisso com o dinheiro.
Outro ponto importante é que todo veículo possui uma linha editorial. Legalmente falando, mídia impressa pode ter uma posição definida. Mas o problema se encontra em que mesmo Veja, Estadão, Folha possuírem suas ideologias políticas, elas não abertamente ditas ao público. Eu entendo a parcialidade dos textos e das capas da Veja porque aprendi a entender. Mas o grande público não entende e acha que o jornalismo da Veja tem compromisso com a verdade e pronto.
Quando se trata de concessões públicas, como Rádio e TV, por lei, não é permitido ter posição política nenhuma. Mas na prática não é bem assim que funciona. Como mostra claramente no documentário “Muito Além do Cidadão Kane”, a Globo possui suas ideologias e não abre mão delas. Não é necessário nem assistir a este filme, basta sentar, assistir o Jornal Nacional e analisar a mensagem.
E agora pensamos, a Rede Globo é ética? A Veja é ética? De acordo com os princípios básicos da profissão? Não. De acordo com os princípios básicos do dia a dia do mercado? Quem sabe. De acordo com os meus princípios e com o que eu acredito? Estão longe de ser minimamente éticas.
Mas, afinal, vivemos – por enquanto – uma liberdade de imprensa que dá o direito da mídia falar o que quiser, do jeito que quiser. O único problema nisso tudo é pensar que a maioria não consegue enxergar os interesses por trás da notícia, a maioria não questiona a mensagem, a maioria nem sequer entende direito o que é dito. Assim, enquanto tivermos uma população que se deixa ser manipulada, não vamos ter veículos de comunicação éticos, comprometidos com a verdade e apenas com ela.

2 comentários:

  1. Qual será o fim dessa sociedade em que as responsabilidades são diluídas?

    Sou contra uma fiscalização governamental que soe como censura. Mas, os próprios órgãos de imprensa deveriam estabelecer padrões. Para falar bem claramente: respeitar as mentes fracas. A ênfase que se dá a determinados assuntos é nociva à população. E pior. Desvia a atenção de outros assuntos. "Brásília" agradece casos como os dos Nardoni.

    ResponderExcluir
  2. Ops... acentuei duas vezes Brasília.

    ResponderExcluir