Falar sobre ética e mídia é muito complicado. Principalmente pelo fato de que a teoria é uma coisa e a prática, algo completamente diferente.
Na formação básica de todo e qualquer jornalista aprende-se que o compromisso é apenas com a verdade e que devemos sempre buscar a imparcialidade, neutralidade e objetividade. Mas, antes mesmo de se chegar ao mercado de trabalho, já percebemos que as coisas não funcionam bem assim. Hoje, no quarto ano da faculdade de jornalismo eu já enxergo a podridão dos veículos de comunicação e de como os princípios básicos são apenas mitos.
Veículos jornalísticos são empresas que precisam de dinheiro para sobreviver. Dinheiro este vindo de anunciantes, sócios e que acaba interferindo no conteúdo da mensagem. Vivemos num mundo capitalista e não adianta pensar no jornalismo como algo ideal de “vamos escrever o que é certo e o que queremos”. Isto não vai acontecer. Se a sua matéria vai contra o maior anunciante daquele jornal, há grandes chances de ela ser cortada. Cadê o compromisso com a verdade? O que vemos aqui é o compromisso com o dinheiro.
Outro ponto importante é que todo veículo possui uma linha editorial. Legalmente falando, mídia impressa pode ter uma posição definida. Mas o problema se encontra em que mesmo Veja, Estadão, Folha possuírem suas ideologias políticas, elas não abertamente ditas ao público. Eu entendo a parcialidade dos textos e das capas da Veja porque aprendi a entender. Mas o grande público não entende e acha que o jornalismo da Veja tem compromisso com a verdade e pronto.
Quando se trata de concessões públicas, como Rádio e TV, por lei, não é permitido ter posição política nenhuma. Mas na prática não é bem assim que funciona. Como mostra claramente no documentário “Muito Além do Cidadão Kane”, a Globo possui suas ideologias e não abre mão delas. Não é necessário nem assistir a este filme, basta sentar, assistir o Jornal Nacional e analisar a mensagem.
E agora pensamos, a Rede Globo é ética? A Veja é ética? De acordo com os princípios básicos da profissão? Não. De acordo com os princípios básicos do dia a dia do mercado? Quem sabe. De acordo com os meus princípios e com o que eu acredito? Estão longe de ser minimamente éticas.
Mas, afinal, vivemos – por enquanto – uma liberdade de imprensa que dá o direito da mídia falar o que quiser, do jeito que quiser. O único problema nisso tudo é pensar que a maioria não consegue enxergar os interesses por trás da notícia, a maioria não questiona a mensagem, a maioria nem sequer entende direito o que é dito. Assim, enquanto tivermos uma população que se deixa ser manipulada, não vamos ter veículos de comunicação éticos, comprometidos com a verdade e apenas com ela.